Caio Junior lê o Chapeladas... mas o Dunga, não!
Pois é, gentes finas. Ontem deu medo. Não propriamente de uma derrota para o Chile, mas do futuro que nos reserva. A Seleção não jogou nada, viveu dos lampejos do Robinho e da fragilidade da seleção chilena, em uma tarde sofrível até do Mago Valdívia - que jogou no sacrifício.
Pra começar: esse negócio de renovação não funciona. O jovem é promissor, tem talento, mas na hora de envergar a amarelinha, o empresário chega e fala: "Agora é hora de jogar sério, sem drible, sem jogadas fantásticas, nada disso. Faz o arroz com feijão, não dá mole pro azar. Não fui eu quem te colocou aqui? Então, meu rapaz, eu sei das coisas. Vai lá, joga o simples e garanta sua escalação pro próximo jogo que a gente vai ficar milionário".
E é isso o que se viu ontem. Mineiro jogou alguma coisa? E a defesa, então? Elano? Vágner Love? Só o Robinho mesmo, que está com a vida feita e pode ousar e errar que ninguém vai reclamar. Por isso ele pode driblar, chutar de três dedos, pode fazer qualquer coisa, que o empresário dele não vai reclamar, pois sabe que a escalação de Robinho é garantinda.
Mas quem pode garantir que a escalação dos demais é garantida? Nem o próprio Dunga, que parece estar lá porque aceitou sem reclamar a exigência de que os empresários dêem pitacos. Escalar Doni é brincadeira, ele não joga nem melhor nem pior do que quando jogava no Corinthians - então, porque foi pra Roma se tornou goleiro de seleção? Este cronista vira comentarista de biriba caso se comprove que não houve interferência de empresário na escalação do guarda-metas.
Os 3 a 0 de ontem se deveram muito mais à fragilidade do Chile e ao pênalti marotamente marcado no primeiro tempo, do que ao brilho de alguém. E, enquanto Dunga estiver no comando (ou, indo mais além, enquanto a CBF continuar desse jeito), as coisas ficarão assim.
O bom da rodada de ontem da Copa América é que definiu, praticamente, a eliminação do Chile e do Equador. Isso se traduz num reforço da esquadra alviverde, com a volta mais cedo do Valdívia. Ele deverá passar algum tempo no estaleiro, mas seguramente reforçará o frágil time do Palmeiras, comandado por um leitor do Chapeladas: Caio Jr.
Lembra daquele post em que este cronista recomendou ao Caio Potter que ele fizesse como o Muricy, armando primeiro a defesa, depois um meio de campo marcador e aí sim, pensaria no ataque? Pois bem: o Junior fez isso sábado e mandou brasa no Timão, fazendo com que o Palestra vencesse o arquirival duas vezes seguidas - o que não acontecia desde 1999, de acordo com os nerds da Folha.
O Verdão foi aguerrido, lutou pacas e conseguiu a vitória suada contra um adversário tão esforçado quanto, porém com uma deficiência ainda pior do que a do Palmeiras: um meia armador, que pense o time. Sábado, Martinez assumiu esta função e deu pro gasto; já o Corinthians nem isso tinha. Por isso, o volume de jogo do Corinthians se traduziu em dois chutes perigosos, um em cada tempo. Diego fez uma grande defesa no primeiro e viu a bola passar rente à trave no segundo.
Se o Palestra tivesse um centroavante, teria ganho por mais. O time cria, mas não converte. Sábado foi um jogo atípico, afinal o Verdão estava com 13 desfaques (6 titulares e 7 reservas. Praticamente todo o banco do Palmeiras era composto pelos garotos do time B). Mas se não encontrar um atacante logo, o time voltará a entrar em crise.
"Quando o Ricardo Teixeira me chamou, pensei que era para treinar jogadores do meu tamanho", afirmou o aguerrido treinador canarinho à este impávido cronista
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