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sexta-feira, 20 de abril de 2007

Todo conto de fadas tem seu fim

Ontem, o Internacional de Porto Alegre pegou o Nacional do Uruguai, pela última rodada da primeira fase da Libertadores, precisando de uma vitória para se classificar. Ao mesmo tempo, o Vélez enfrentava o Emelec. Se o time argentino empatasse ou perdesse dos equatorianos, o Inter precisava apenas de um gol; mas se o Vélez ganhasse a partida, então os Colorados precisariam marcar três. Assim, os gaúchos estavam com os pés no Beira-Rio e os ouvidos, em Buenos Aires.

O Inter massacrou os uruguaios no primeiro tempo. O primeiro chute contra o gol de Clemer foi dado apenas aos 39 minutos do primeiro tempo. Porém, fazer retranca para os uruguaios é como andar de bicicleta: uma vez aprendida, nunca mais se esquece. A torcida colorada enlouquecia com a marcação do Nacional, que fazia com que o poderio ofensivo dos brasileiros se esvaísse em chutes bloqueados por zagueiros e em faltas no meio de campo, entremeadas por catimba, muita catimba. E o primeiro tempo terminou 0 a 0.

No segundo tempo, a mesma coisa: o Inter pressionando, mas nada além de chutes perigosos - um até morreu na trave. Porém, a primeira decepção logo surgiu: o Vélez marcava o primeiro gol. Agora, os colorados precisavam de 3, e em menos de 30 minutos. Para piorar, o zagueiro Índio fez uma falta sem bola e foi expulso. Fernandão ainda margou um gol, mas aos 35 minutos. Dez minutos depois, o jogo acabava, com o Inter fora da Libertadores.

Somando-se a isso a desclassificação prematura no Gauchão, e o saldo é: primeiro semestre jogado fora. Em outras palavras, era o fim do conto de fadas que o Internacional vivera desde a vitória contra o São Paulo, na Libertadores do ano passado.

Que o futebol está nivelado por baixo não é novidade para ninguém. Mas formar um time com refugos como Clemer, Fabiano Eller (e vendê-lo aos espanhóis!), Perdigão, Tinga (que era como um pêndulo, indo do Grêmio para o Inter e do Inter para o Grêmio), ganhar a Libertadores e depois o amistoso de US$ 5 milhões é um conto de fadas que a torcida do Inter nunca esquecerá. Vale por mil derrotas em sequência. Vale rebaixamento para a série C do Brasileiro. Vale perder para o Grêmio por 10 anos consecutivos.

Exagero? Pergunte então para o mais fanático colorado: quando o Inter anunciou a contratação de Clemer para o gol, qual foi a reação? Este cronista duvida que este torcedor fanático tenha pensado "agora temos um goleiro condizente com a história do time!". A memória deste cronista não se recorda de nenhum título que Clemer tenha ganho ou alguma partida em que ele tenha feito a diferença desde que surgiu na Portuguesa.

O mesmo vale para Abelão: tirando títulos cariocas, que mais ele ganhou? Pode até ter um Brasileiro no currículo, mas seguramente isso não foi conquistado nesta década e nem na anterior. E Fabiano Eller, que depois de surgir no Vasco teve uma passagem apagada pelo Palmeiras? Rubens Cardoso, veterano de times do interior paulista? Ediglê, Índio, Iarley, Wellington Monteiro... jogadores esforçados porém medianos, que não fariam diferença em nenhum time de futebol. Dizem que a estrutura do Inter é ótima, porém nem uma estrutura inigualável faria um time destes campeão da Libertadores.

(Este cronista esquiva-se de explicar porquê a campanha do Inter foi fenomenal ano passado).

E, no entanto, foram campeões da Libertadores e ganharam alguma fama mundial derrotando o Barcelona no amistoso de US$ 5 milhões. O time e a campanha do Inter em 2006 foram a comprovação de que não existe mesmo lógica no futebol. Acontece também que não há lógica também em conto de fadas: tudo pode acontecer. A torcida do Inter deve lamber suas feridas neste ano, e ter a consciência de que as campanhas do time voltarão ao seu normal - campanhas de um time mediano, que tem seus trunfos de quando em quando.

Porém, apenas os colorados podem dizer que não estão tristes com o time: o que eles têm é uma história e tanto para contar - a Libertadores e o amistoso de US$ 5 milhões que o time conquistou em 2006.

"Porra Clemer, vê se não deixa cair", pedido feito por um gandula ao fabuloso guarda-metas colorado, ouvido de soslaio por este festeiro cronista.

Um comentário:

Anônimo disse...

O time do Inter é histórico... esse cronista é um analfabeto, que não sabe de nada do futebol de outros estados, só entende do que acontece em SP