O factóide Romário
Tinha prometido a mim mesmo não fazer nenhuma referência neste blog à campanha dos 1000 gols do Romário. Mas a coisa ficou tão engraçada que não pude resistir.
Em primeiro lugar: ninguém sabe quantos gols Romário marcou, nem ele mesmo. Por isso, a busca pelo milésimo gol não significa nada (afinal, há muitos jogadores que clamam ter feito mais de 1000 gols), é apenas um esforço de marketing para que o jogador termine a sua carreira no auge. Já para a imprensa esportiva carioca, é uma tentativa de mostrar que o estado ainda consegue gerar fatos positivos no futebol.
A prova disso é que a imprensa paulista não dá a mínima para o evento, enquanto a carioca se refestela no angu. Vai no Globo Esporte: lá, você pode ganhar uma camisa do ídolo, ver todos os 998 gols registrados, saber curiosidades sobre o astro... Tá ligado o Jornal dos Sports, aquele que é impresso em papel cor de rosa? Então, adivinha quem é a capa da edição de hoje? Haha! Ele mesmo, e ao lado da sua foto está a do técnico do Flamengo, Ney Franco. A manchete? "A Vítima Perfeita". Isso porque pode ser que o craque carioca marque seu milésimo gol neste domingo, quando Vasco e Flamengo se encontram. O JS ainda tem um especial com o título "Romário é mil". Tá.
Mas a coisa não se restringe somente aos esportivos. N'O Dia, há uma enquete: "A torcida do Flamengo deve comemorar caso Romário marque o gol mil no clássico de domingo?" Mesmo com uma pergunta idiota como essa, 55% dos respondentes afirmaram que sim, atestando ainda mais a idiotice da pergunta - afinal, flamenguista é flamenguista e ponto final. Se depender dos flamenguistas, Romário só marcará o gol mil quando envergar o uniforme de zebra com alergia do Mengão. Mas o jornalista d'O Dia deve gostar de golfe.
O Globo tasca, na capa da sua edição de esportes de hoje: "O gol mil sai no domingo? Qual a sua opinião?". Ou seja, para os jornalistas do Dr. Marinho, viramos todos Mãe Dinah, com capacidade extra-sensoriais de antever gols do baixinho. Até mesmo o vetusto Jornal do Brasil pega carona no negócio - mas para pôr água no chope do Língua Presa: "A história joga contra" é a manchete do caderno de Esportes do venerando JB, que tasca essa: em 29 jogos contra o Flamengo, o Peixe só marcou dois gols em quatro jogos.
Para o quebrado futebol carioca, qualquer coisa serve para reacender o orgulho nativo sobre o esporte bretão. Afinal, a situação dos clubes por lá é caótica: Fluminense com zagueiros maconheiros (e Branco, meu Deus, Branco como gerente de futebol), Botafogo com sua crônica deficiência financeira, o Flamengo tendo o melhor desempenho em 20 anos (e só porque chegou à segunda fase da Libertadores), e o Vasco, que comemora o gol mil mas não consegue vencer o Madureira.
A sorte dos cariocas é que músicos, romancistas e poetas fizeram um trabalho muito melhor com o futebol de lá do que os próprios dirigentes esportivos. Por isso que é ainda um programão ir ao Maracanã ver um Fla Flu, por exemplo. O único problema é que, quem ainda não foi deve se apressar, pois até isso os times de lá podem perder. Ficar comemorando o milésimo gol de um jogador que só jogou no Rio (como se daria Romário num ambiente mais sério e profissional, como o futebol paulista? Não vale contestar dizendo que Romário jogou na Europa: todo mundo sabe que lá ninguém treina) como o grande feito de um esporte é igualar o cenário futebolístico carioca ao do Amapá.
"Fala, Peixe! Tô segurando porque tem muita gente... pena que é só homem feio..." disse Romário enquanto cumprimentava um transeunte, durante sessão de fotos para este cronista.
Em primeiro lugar: ninguém sabe quantos gols Romário marcou, nem ele mesmo. Por isso, a busca pelo milésimo gol não significa nada (afinal, há muitos jogadores que clamam ter feito mais de 1000 gols), é apenas um esforço de marketing para que o jogador termine a sua carreira no auge. Já para a imprensa esportiva carioca, é uma tentativa de mostrar que o estado ainda consegue gerar fatos positivos no futebol.
A prova disso é que a imprensa paulista não dá a mínima para o evento, enquanto a carioca se refestela no angu. Vai no Globo Esporte: lá, você pode ganhar uma camisa do ídolo, ver todos os 998 gols registrados, saber curiosidades sobre o astro... Tá ligado o Jornal dos Sports, aquele que é impresso em papel cor de rosa? Então, adivinha quem é a capa da edição de hoje? Haha! Ele mesmo, e ao lado da sua foto está a do técnico do Flamengo, Ney Franco. A manchete? "A Vítima Perfeita". Isso porque pode ser que o craque carioca marque seu milésimo gol neste domingo, quando Vasco e Flamengo se encontram. O JS ainda tem um especial com o título "Romário é mil". Tá.
Mas a coisa não se restringe somente aos esportivos. N'O Dia, há uma enquete: "A torcida do Flamengo deve comemorar caso Romário marque o gol mil no clássico de domingo?" Mesmo com uma pergunta idiota como essa, 55% dos respondentes afirmaram que sim, atestando ainda mais a idiotice da pergunta - afinal, flamenguista é flamenguista e ponto final. Se depender dos flamenguistas, Romário só marcará o gol mil quando envergar o uniforme de zebra com alergia do Mengão. Mas o jornalista d'O Dia deve gostar de golfe.
O Globo tasca, na capa da sua edição de esportes de hoje: "O gol mil sai no domingo? Qual a sua opinião?". Ou seja, para os jornalistas do Dr. Marinho, viramos todos Mãe Dinah, com capacidade extra-sensoriais de antever gols do baixinho. Até mesmo o vetusto Jornal do Brasil pega carona no negócio - mas para pôr água no chope do Língua Presa: "A história joga contra" é a manchete do caderno de Esportes do venerando JB, que tasca essa: em 29 jogos contra o Flamengo, o Peixe só marcou dois gols em quatro jogos.
Para o quebrado futebol carioca, qualquer coisa serve para reacender o orgulho nativo sobre o esporte bretão. Afinal, a situação dos clubes por lá é caótica: Fluminense com zagueiros maconheiros (e Branco, meu Deus, Branco como gerente de futebol), Botafogo com sua crônica deficiência financeira, o Flamengo tendo o melhor desempenho em 20 anos (e só porque chegou à segunda fase da Libertadores), e o Vasco, que comemora o gol mil mas não consegue vencer o Madureira.
A sorte dos cariocas é que músicos, romancistas e poetas fizeram um trabalho muito melhor com o futebol de lá do que os próprios dirigentes esportivos. Por isso que é ainda um programão ir ao Maracanã ver um Fla Flu, por exemplo. O único problema é que, quem ainda não foi deve se apressar, pois até isso os times de lá podem perder. Ficar comemorando o milésimo gol de um jogador que só jogou no Rio (como se daria Romário num ambiente mais sério e profissional, como o futebol paulista? Não vale contestar dizendo que Romário jogou na Europa: todo mundo sabe que lá ninguém treina) como o grande feito de um esporte é igualar o cenário futebolístico carioca ao do Amapá.

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